Spider Glass, a revolução do vidro estrutural

O vidro estrutural permite a criação de estruturas envidraçadas plenamente transparentes, dispensando o uso de caixilhos

Fachada em Vidro estrutural - Liverpool Cruise Terminal

Os sistemas de vidro estrutural abrem vastas possibilidades para arquitetos e engenheiros, lhes permitindo criar soluções para o envidraçamento contínuo de fachadas, sem a necessidade de estruturas convencionais.

Um dos sistemas de envidraçamento mais conhecidos é o Spider Glass, composto por garras de aço inoxidável ou alumínio que fazem a sustentação dos vidros, que são aparafusados, suspensos e fixados à uma estrutura.  Esse sistema garante a liberdade de criar edifícios utilizando as mais variadas fachadas de vidro.

O uso do vidro de maneira estrutural há anos é difundida na Europa e em países como China e  Estados Unidos. Estando presente em fachadas de bancos, térreos de edifícios e em diversas áreas da edificação. No exterior, o vidro é usado, até mesmo, para compor vigas e pilares como estrutura. Mas o grande destaque é o sistema de fixação pontual que ficou conhecido como Spider Glass.

Spider glass
Spider glass

As fachadas de vidro estrutural com o sistema Spider Glass, são sustentadas por garras. Essas garras se assemelham a aranhas, daí o nome Spider Glass. São especificadas pelo tipo de material utilizado em sua fabricação e pelo número de hastes que possui, no mercado existem garras de 1,2,3 ou 4 hastes, em alumínio e aço inox.

Por não utilizar caixilhos, a medição deve ser precisa e técnica, para uma correta definição das folgas. O vidro tem que ser temperado ou temperado laminado, para suportar a tensão nos furos que entrarão as garras. Somente o vidro temperado suporta uma forte carga de compressão, por isso é o único vidro utilizado com recortes e furos para ferragens. Em alguns casos os furos no vidro, para o sistema Spider Glass, são escareados para um perfeito encaixe dos parafusos da garra.

Porém, o vidro temperado apresenta o fenômeno da quebra espontânea: a massa do vidro sofre expansão localizada, por fricção ou por aquecimento, ocasionando a quebra da peça, sem razão aparente. O ideal é usar vidros produzidos especialmente para esse fim, reduzindo a presença na sua massa de elementos químicos que possam causar o fenômeno, como por exemplo o níquel.

O correto seria, após a têmpera, esses vidros passarem por um ‘teste destrutivo’ chamado ‘Heat Soak Test’, feito num forno de graduação especial, de modo que, se uma placa apresenta o risco de futura quebra espontânea, ela se quebrará no teste. Mas como não temos esse equipamento no Brasil, o correto seria temperar o vidro e depois laminar, dessa forma em caso de quebra o vidro se estilhaça mas não deixa o vão devassado, pois se mantém colado a película de  PVB.

No sistema Spider Glass, são usadas as garras para transmitir a carga do vidro para os elementos de apoio, ou de um vidro para outro. Para que ocorra a distribuição das tensões nas bordas tratadas dos furos dos vidros, as peças são dotadas de intercalares em borracha com dureza controlada, ou plásticos especiais. O sistema é limitado a vidro de até 4 m, pois não há fornos de têmpera, nem condições para laminar uma chapa maior. Para vãos maiores, é preciso usar as garras emendando duas placas temperadas e laminadas, transmitindo carga de uma para outra.

O sistema utiliza vidros sustentados por parafusos e fixados a uma estrutura destacada do plano dos vidros. O princípio funcional consiste em suportar, de forma rigorosa e graças às fixações articuladas, os esforços ligados ao peso próprio dos vidros e às cargas climáticas.

O que faz o sistema ser especial é sua flexibilidade, obtida por um dispositivo especial, a rótula, que permite que o plano de vidros flexione livremente sob ação dos ventos. Para limitar as tensões os parafusos articulam em todas as direções fazendo com que os vidros flexionem.

Rótula do sistema Spider Glass

O peso dos vidros é suportado somente pelos parafusos superiores. Por esta razão cada chapa fica pendurada e flexível.

Para evitar que os parafusos inferiores suportem parte deste peso, seus furos correspondentes na estrutura suporte são folgados, permitindo a compensação das tolerâncias dimensionais e dos movimentos diferenciais entre os materiais na posição dos furos.

Onde os vidros estão inclinados – numa cobertura por exemplo – o peso dos vidros é suportado por todos os parafusos.

Porém é preciso assegurar-se que os parafusos inferiores estejam livres para movimentarem-se no plano dos vidros para compensar as tolerâncias dimensionais,como cargas de vento e expansões térmicas, e os movimentos diferenciais, como mudanças climáticas.

Quando o vento atinge um edifício, as superfícies expostas são submetidas tanto à pressão do vento quanto à sucção. Os esforços de sucção são os piores. Os parafusos são submetidos a grandes tensões de tração e tem que ser capazes de resistir quando tentam ser arrancados dos vidros.

As cargas de vento são calculadas de acordo com as Normas Brasileiras e variam de acordo com o local (praia, centros urbanos), com a altura dos vidros em relação ao solo, com a forma dos edifícios e com a localização das peças de vidro na fachada.

Sob a influência de diferentes temperaturas, os vidros e as estruturas portantes dilatam-se ou contraem-se, mas nunca na mesma medida. Esta expansão ou contração diferencial sempre induzirá um movimento diferencial entre as chapas e seu suporte.

Os parafusos são projetados de forma particular para permitir esta liberdade de movimento entre os vidros e a estrutura, evitando assim o risco de quebra.

Para melhor desempenho, as juntas entre as chapas são feitas com silicone flexível e dimensionadas de modo a resistir às tensões de tração e compressão sem que ocorra ruptura.

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Fonte: Afeal / Metalica.com